domingo, 6 de setembro de 2015

E se Israel desaparecesse?


Nós, os árabes, temos desperdiçado sete décadas da nossa existência à espera que Israel desapareça. Contudo, chegou o tempo em que devemos antes pensar no futuro e o desaparecimento de Israel nem deveria ser o nosso último desejo.

Desde 1948, nós os árabes, temos sido ensinados que tudo o que precisamos de fazer é livrarmo-nos do Estado de Israel e que tudo, a partir daí, passará a correr bem.

Os nossos ditadores tiraram todo o proveito desta ideia. O Presidente Egípcio Gamal Abdel Nasser prendeu e executou os seus opositores usando este pretexto famoso: “Nenhuma voz está autorizada a expressar-se excepto aqueles que são a favor da guerra com Israel.”

O Presidente do Iraque Saddam Hussein adoptou a bandeira Palestina que tinha imprimido e arvorado juntamente com a sua bandeira, e ainda disse, “Palestina e Iraque partilham uma mesma causa idêntica.

Em resumo, nós os árabes, temos colocado 70 anos da nossa existência em suspenso esperando pelo “glorioso dia” em que Israel será derrotado e “entregue aos peixes como alimento”.

Mas esse dia não chegou e tudo indica que não chegará, tal como afirmou uma personalidade da oposição Jordana, Emad Tarifi, em certa ocasião: “Parece que os peixes do mar preferem que nós não os alimentemos com Judeus.”

Adicionalmente, nós os árabes, temos dado aos nossos ditadores carta branca para nos empobrecer, aterrorizar, oprimir e destruir e nome “da grande luta Árabe de por fim à entidade Sionista”.

O resultado disto tem sido claro: enquanto que Israel faz dez novos progressos no tratamento do cancro em apenas dois anos, nós os árabes desenvolvemos novos métodos de execução. O último foi o afogamento numa jaula, tal como foi exibido recentemente pelo Estado Islâmico.

Sendo eu próprio filho de dois refugiados Jordano-palestinianos, dou comigo a recear o futuro. Apesar do meu posicionamento em favor de Israel, eu sou forçado a reflectir: O que aconteceria se, um dia, Israel desaparecesse? Embora não pareça viável que isso aconteça, este é o dia à volta do qual todo o sistema político, social e económico árabe gira.

Mas não são apenas os árabes que querem que Israel desapareça. Há outros que procuram a mesma coisa, por exemplo os anti-semitas no Ocidente.

Recentemente, neo-Nazis marcharam em Londres com suásticas e bandeiras palestinianas. O organizador da marcha invocou que era um protesto “por todos aqueles que sofrido por causa de Israel.” Há grupos que apelam para um boicote de Israel “pela causa do povo Palestino”. Há países cujas políticas internacionais giram à volta de oposição permanente a Israel.

Nós os palestinianos, somos levados a acreditar que estas grupos e países realmente estão preocupados connosco, mas eles não estão preocupados com o destino de 150.000 Palestinianos deixados a morrer à fome no campo de refugiados de Yarmouth nem nos cerca de 5,8 milhões de Palestinianos na Jordânia (de acordo com uma informação da Embaixada dos E.U.A.), que vivem como cidadãos de segunda classe, são excluídos dos empregos públicos e de qualquer benefício enquanto que do mesmo modo que os restantes contribuintes pagam os mesmos impostos.

Se estas pessoas que odeiam Israel conseguissem o realizar o seu desejo de ver Israel desaparecer, o que aconteceria?

Primeiro, Israel é a única razão pela qual o Irão ainda não tem armas nucleares. O Irão poderia comprar tecnologia para produzi-las ou poderia aprender rapidamente com a forma como o Paquistão o conseguiu. Porque o Irão tem sido tão lento em consegui-lo? Porque aprenderam a lição através da experiência com o reactor Osirak de Saddam, que os aviões de Israel reduziram a um amontoado de escombros em 1981. Então, quase todos, incluindo George H. W. Bush que era vice-presidente dos E.U.A. nessa ocasião ficou furioso com a antecipação de Israel. Mas 10 anos mais tarde, quando os E.U.A. lutaram para libertar o Kuwait, a situação teria sido totalmente diferente se Saddam tivesse mantido o seu programa nuclear, e a única razão pela qual ele (Saddam) não o conseguiu foi Israel.

Além do mais, o Irão já controla pelo menos uma terça parte do Iraque e dos seus recursos naturais através do seu regime pró-Iraniano.

Se Israel desaparecesse, no dia seguinte, por não ter que temer a sua reacção, o Irão estenderia a sua influência até ao Jordão, Kuwait e Bahrein. O Irão então poderia colocar o mundo de joelhos reduzindo a produção de petróleo.

O Irão não é o único poder maligno no Médio Oriente. Temos também o Estado Islâmico, que agora está a espalhar-se através do Iraque, Síria, Sinai e Líbia, e com ambições claras de entrar na Jordânia.

O Estado Islâmico ainda não entrou na Jordânia mas isso não se deve a qualquer medo do exército Jordano. Afinal de contas, de acordo com o site Global Firepower as forças armadas da Jordânia estão ao mesmo nível do Iraque, que o Estado Islâmico tem derrotado muitas vezes.

O Estado Islâmico ainda não se atreveu a entrar na Jordânia por uma única razão: receia que os aviões israelitas os alcancem em apenas 15 minutos.

Se Israel desaparecesse e fosse substituído por um Estado Palestiniano, o mais provável seria que os palestinianos acabariam rendidos por ditadura que os oprimiria e reduziria à pobreza. Em parte, temos visto isso acontecer com o domínio da Autoridade Palestiniana nas suas áreas “libertadas”.

Visito regularmente o West Bank e entrevisto muitos palestinianos lá. Posso confirmar que, assim como eles odeiam Israel, do mesmo modo, abertamente, ainda desejam os tempos em que eram administrados pelo Estado Judaico.

Certa ocasião, um palestiniano disse-me, “nós rogamos a Deus que nos concedesse a misericórdia de nos livrarmos de Israel, mas mais tarde, descobrimos que Deus concedeu-nos misericórdia quando colocou Israel aqui.”

Aos árabes, muçulmanos, ocidentais e outros que insistem que Israel deva ser apagado da face da terra, eu digo: Não apostem nisso, pois Israel torna-se mais forte a cada dia através da democracia e inovação, enquanto que os países árabes apenas conseguem ficar mais fracos através da ditadura e do caos. E tenham cuidado com o que desejam, porque se o alcançarem, vocês também poderão desaparecer, a menos que estejam disponíveis para ser governados pelo Irão ou pelo Estado Islâmico.

Em resumo, se chegasse o dia em que Israel capitulasse, a Jordânia, o Egipto e muitos outros capitulariam também e, os ocidentais suplicariam ao Irão que lhes concedesse petróleo.

Nós podemos odiar Israel tanto quanto o quisermos mas devemos compreender que sem essa nação também nós passaríamos à história.

Mudar Zahran
Jordano-Palestino que vive no Reino Unido
Extraído de
 Things Roger Waters Doesnt Know 

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